Micro Arquitetura: Reconversão de uma garagem em habitação

Julia Schafer Dourado – Homify Julia Schafer Dourado – Homify
Fabulosa conversão de uma garagem em habitação!, Nuno Ladeiro, Arquitetura e Design Nuno Ladeiro, Arquitetura e Design Modern Garaj / Hangar
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Num projeto de arquitetura, independentemente da dimensão da obra, restaurar e reabilitar uma edificação é mais complicado do que construir de novo, não apenas porque existem por vezes edificações com valor histórico que têm de ser conservadas, mas também pelo estado da construção, já que são poucas as vezes em que se conhece as suas condições antes de iniciar o projeto. Ainda assim, o plano de atuação na reconstrução de uma edificação constitui um desafio para qualquer arquiteto, porque implica adotar estratégias muito diferentes das que se desenvolveriam num terreno sem edifícios. 

As razões que levam a remodelar uma edificação em vez de o construir uma nova são variadas. Na maioria das ocasiões deve-se à existência de uma lei que impede a sua demolição, independentemente se tem ou não valor arquitetónico.

Fig. 01 – Espaço a ser reabilitado entre os dois edifícios. Uma antiga garagem abandonada.

As cidades têm inúmeras situações na maioria das vezes espaços vazios entre edifícios ou gavetos, que podem dar lugar a pequenas edificações destinadas a habitação. Estes espaços por vezes estão ocupados por garagens, pequenas construções abandonadas, estão vandalizados e simplesmente dotados ao abandonado. 

A sensibilidade do arquiteto que leva a cabo a reabilitação destes locais abandonados é primordial, já que dele depende saber criar uma Micro Arquitetura habitável e que possa “sobreviver” numa cidade já por si densamente construída. Assim, o resultado final é fruto da sua capacidade de definir estratégias audazes e, simultaneamente, ajustadas ao orçamento.

Fig. 02 – Espaço sobrante compreendido entre edifícios e que podem ser aproveitados para se construir Micro Arquiteturas destinadas à habitação

A nossa proposta compreende a reconstrução com ampliação e alteração de uso para habitação, de uma garagem abandonada localizada na Falagueira – Venda Nova, concelho da Amadora. A garagem construída em 1951, que se encontra em elevado estado de degradação encontra-se num espaço que está entre dois edifícios. É uma pequena construção térrea, anexo de um edifício de três pisos com as fachadas voltadas a Norte e a Sul. Tem a forma retangular em planta onde resulta um pequeno logradouro voltado a Norte. O terreno é praticamente plano com uma área 52,89 m2 onde resulta uma implantação de 36,60m2 com uma área descoberta de 16,29 m2.

Fig. 03 – Espaço da antiga garagem com a proposta de reabilitação e reconversão numa habitação

Uma vez que existem no local todas as redes e infraestruturas necessárias, nomeadamente, rede elétrica, rede de águas e esgotos domésticos e pluviais, rede de gás natural e rede de telecomunicações, a reabilitação com a alteração de uso é possível e viável. 

Fig. 04 – Vista superior do espaço, com área de cozinha, sala de estar na parte inferior e um mezanino destinado a quarto na parte superior.

A solução de reabilitação prevê a alteração de uso de garagem para habitação e a construção de uma habitação unifamiliar de tipologia T0, com espaço para estacionamento privativo de uma viatura no espaço de logradouro. A área de implantação é reduzida para 34,10 m2 de modo a permitir o espaço necessário para estacionamento numa área descoberta de 18,79 m2 no interior do lote.

Fig. 05 – Interior do espaço da cozinha e entrada da habitação. No espaço exterior do logradouro existem 18 m2 para estacionar um automóvel.

Devido à necessidade de adaptação da edificação ao novo uso de habitação, manter-se-á apenas a parede da fachada sul que será restaurada, mas todo o interior será novo, com novas compartimentações e será construída uma laje de piso de um primeiro andar em mezanino, construída uma nova fachada na empena norte e, uma nova laje de cobertura acessível através de escada interior, respeitando a cércea da edificação (o valor modal). 

Fig. 06 – Alçado Norte

A entrada da habitação que se situa na empena norte está localizada na saliência mais à esquerda, e permite o acesso ao logradouro com estacionamento para o automóvel.

Fig. 07 – Alçado Sul

A tipologia projetada, T0, tem uma distribuição organizada em que a zona social e de serviços, se localiza no piso térreo e no andar superior, no mezanino, uma reservada ao espaço de dormir. 

Fig. 08 – Plantas do piso térreo, do mezanino e do terraço.

A zona social é constituída por uma sala comum com uma zona destinada a refeições e outra a sala de estar. O acesso ao 1o andar do mezanino faz-se a partir da sala.

Fig. 09 – Corte Longitudinal AA’

Fig. 10 – Escada de acesso ao mezanino.

Fig.11 – Área destinada á sala de Estar

Fig. 12 – Área da cozinha. Acesso á casa de banho através de uma porta de correr.

Fig. 13 – Área da cozinha e mezanino. Espaço de dormir no mezanino.

A zona de serviços é constituída pela cozinha que tem uma área para tratamento de roupas, luz natural através de uma ampla superfície de vidro e acesso direto para o logradouro. No corredor que liga a zona de serviço à zona social, existe o acesso à instalação sanitária, acessível a pessoas com mobilidade reduzida. 

Fig. 14 – Área do mezanino e escada de acesso ao terraço na cobertura.

Fig. 15 – Aproveitamento do terraço com área de deck e jardim vertical na fachada do edifício anexo.

O equipamento de cozinha será composto por uma estrutura modular autoportante, de modo a que se possa limpar facilmente o pavimento e, caso necessário, deslocar a cozinha para limpeza de todo o espaço.

Fig. 16 – Esquema de montagem da estrutura da cozinha.

Fig. 17 – Estrutura modular da cozinha, fácil de montar e desmontar caso se pretenda ocupar o espaço para outra função.

Acabamentos

Paredes em alvenaria de tijolo com 0.30 m de espessura, com isolamento em poliestireno extrudido. As paredes exteriores serão rebocadas com aditivo hidrófugo. A parede Norte terá uma janela com 4.750 m de altura por 2.00 m Largura, em caixilharia de alumínio lacado à cor branca, e vidro duplo temperado. Na parede Sul existirá um vão com uma superfície mais reduzida de 4.750 altura por 0.65m de Largura em caixilharia de alumínio anodizado cor antracite, e vidro duplo temperado. As Paredes interiores serão em gesso cartonado mas nas zonas húmidas, as paredes serão revestidas com azulejo até 2.00 metros acima do pavimento. Os Pavimentos no piso térreo serão a executar sobre o enrocamento e regularizações em massame de cimento afagado com acabamento a microcimento. O piso elevado (mezanino) será executado com uma estrutura metálica (pilares e vigas) com perfis HEB 120x120 /aço S355JR, pintura de proteção contra corrosão e fogo (EF60), com placas OSB revestidas a pavimento flutuante. A Cobertura terá uma laje em betão armado maciça vigada, com espessuras de 0,25 m acessível com isolamento acústico e térmico. O terraço será todo revestido a placas cerâmicas com acabamento teca e será colocada uma claraboia com abertura do tipo Velux 85 x 150 m que permitirá o acesso ao terraço. 

Áreas

Área do terreno – 52,89 m² | Volumetria – 182,44 m³ | Área do Logradouro – 16,29 m² | Cércea – 5,35 m² | Área de Implantação – 34,10 m² | Pisos acima da cota soleira – 2 | Área Bruta de Construção – 52,62 m² | Pisos abaixo da cota soleira – 0 | Área Útil de Habitação – 35,06 m² | Fogos Habitacionais – 1 | Tipologia – T0 | Lugares de parqueamento – 1

Fig. 18 – Sala de estar com sofá cama.

Fig. 19 Sala de estar com móvel de TV.

Autores: Nuno Ladeiro e Carmo Branco (Arquitetos)

Colaboração: Maribelle Frangieh (Modelação 3D) 


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